Lipedema é uma doença marcada pelo acúmulo anormal de gordura nas extremidades, especialmente nos membros superiores e inferiores. Contudo, o efeito nas pernas costuma ser ainda mais notável do que nos braços. Apesar de ter sido descrito pela primeira vez nos anos 40 do século passado, o quadro só passou a ser considerado uma doença distinta pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2019. Por isso, e pelo fato de ainda estar em descoberta, acaba sendo entendida como uma doença “nova”.
Com maior prevalência em mulheres, o lipedema tem diversos sintomas, dentre os quais vale destacar os seguintes: nódulos e irregularidades na pele; presença de grandes lóbulos e deformidades, especialmente nas coxas e joelhos – inclusive com descaracterização do contorno natural dos joelhos; dor; hematomas; marcas de má circulação; e limitação funcional (dificuldade de mobilidade, por exemplo). O tratamento desses sintomas e do quadro em si implica em diversos cuidados, podendo envolver cirurgias.
“O lipedema é uma doença do tecido adiposo que provoca distribuição da chamada lipodistrofia, ou seja, acúmulo de gordura em determinadas regiões, como membros inferiores e braços. Parece ter um padrão familiar (genético), mas o sobrepeso piora os sintomas”, informa a Dra. Irene Daher, cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Ainda segundo a médica, a indicação cirúrgica depende do grau do lipedema e do quanto a patologia incomoda o paciente. Antes de estabelecer a cirurgia, é comum tentar formas de tratamento menos invasivas, como drenagem linfática manual, fisioterapia, exercícios físicos, terapia compressiva, uso de remédios e dieta. Quando esses métodos não funcionam, a cirurgia aparece como uma solução interessante.
“Geralmente, o tratamento cirúrgico do lipedema inclui lipoaspiração e ressecção de pele em excesso, se for necessário. O uso de tecnologias para retração de pele ou para emulsificar a gordura também pode agregar bastante”, explica a especialista. Ainda segundo a Dra. Irene, a eficiência da cirurgia depende de alguns fatores, como o grau do lipedema, se o paciente está com IMC adequado, a qualidade da pele e a quantidade de gordura a ser retirada. “O percentual de melhora varia entre 30 a 70%”, afirma a profissional.
Após a realização da cirurgia de lipedema, é preciso seguir algumas recomendações para que a recuperação se dê da melhor forma possível. De acordo com Daher, é necessário uso de itens de compressão e drenagem linfática para redução mais acelerada do edema pós-operatório. “Vale ressaltar também que, ainda durante a cirurgia, deve-se ter cuidado na remoção excessiva de gordura, pois o paciente pode sofrer com anemia posteriormente”, alerta a cirurgiã. Isso se deve ao fato da remoção de gordura no lipedema fazer com que o paciente perca muito sangue, já que, normalmente, a doença exige que se tire um volume significativamente alto.